- Introdução
A JLucentini – Consultores Associados mensalmente presta informação qualitativa, objetivando orientar os gestores de empresas de alimentação a respeito da inflação dos gêneros alimentícios e seus impactos na erosão dos lucros.
A nossa metodologia considera preço à vista nos três maiores atacadistas do Estado de São Paulo, tomando-se um cardápio-base composto por itens componentes do desjejum, almoço, lanche e jantar.
- Precauções na análise pelos gestores em suas empresas
Destacamos os seguintes aspectos importantes que, em sua maioria, podem passar desapercebidos pelos gestores.
- Preço à vista, pois quando as empresas de alimentação requerem aumento de pagamento ou rebates, os fornecedores nem sempre possuem margem de lucro que suporte esses custos adicionais, repassando-os, portanto, aos seus respectivos preços de venda, com cálculo por dentro, acrescentando impostos e margem, o que aumenta o custo final;
- A inflação interna, conforme temos demonstrado, tem se mantido muito acima dos reajustes de preços praticados, o que diminui a margem de lucro;
- Círculo vicioso – para manutenção da lucratividade, qualquer mudança no padrão dos cardápios e de pessoal, na maioria dos casos, representa alto risco de insatisfação dos clientes e, ao longo do tempo, possibilidades de ruptura de contrato.
- Aumento de custos pelos decretos do Governo do Estado de São Paulo. Os decretos emitidos em novembro/2020 (65.252, 65.253 e 65.254/2020) majoraram a alíquota do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços) em alimentação, de 3,2% para 3,69% e o que pode passar desapercebido é que vários produtos que compõem o custo da alimentação sofreram majoração, dentre eles proteínas, LFV (legumes, frutas e verduras), laticínios e seus derivados. A ABERC (Associação Brasileira das Empresas de Alimentação em Coletividades) emitiu um comunicado indicando que o impacto será de 1,8%.
Apesar de parecer insignificante, recomendamos que se calcule o impacto conforme exemplo: Faturamento mensal de R$ 1.000.000 x 1,8% = R$ 18.000 x 24 meses (duração do decreto), que representa um montante de R$ 432.000.
- Muitas matérias-primas que compõem o custo do cardápio, principalmente aves, produtos do abate em frigorífico paulista (25%), leite (27,66%), ovos (34,3%), farinha de trigo e suco de laranja (10,83%), não eram tributadas. Esses produtos terão impactos diretos, além de incrementar as matérias-primas em que são utilizados como derivados.
- Comentários sobre a inflação de janeiro/2021
No quadro a seguir, apuramos a inflação de janeiro/21 em 0,5%, que deve ser avaliada ângulos distintos.
- Positivo – manteve-se em baixo patamar, se analisarmos exclusivamente o mês de janeiro/2021;
- Negativo – teve uma pequena evolução em um pico alto de evolução nos custos internos das empresas de alimentação, pois em quatro meses, segundo nossas apurações, perfez 10,8%.
Corroborando com nosso parecer há os índices de preços no atacado, apurados pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), cuja inflação anual relativa aos últimos 12 meses em relação ao período refletem os índices de matéria-prima e custos indiretos.Face a este acumulado, as empresas de alimentação que não têm os seus custos bem controlados tiveram uma redução nas margens de lucro de seus contratos e filiais. Alguns itens como óleo de soja, alho e feijão tiveram reajustes acima de 100% nos últimos 12 meses.
- IPA – M – Preços no atacado – 35,40%
- IPA – M – Produtos Industriais – 24,65%
- IPA – M – Produtos Agroindustriais – 26,30%
Em contrapartida, os principais índices utilizados para reajuste de preços perfizeram nos últimos 12 meses: IPCA 4,52% e INPC 5,45%. Desta forma, comprova-se a perda efetiva de lucratividade.
Alguns custos indiretos, como energia elétrica, subiram 3,14% em janeiro, após uma alta de 4,08% em dezembro, além do aumento de combustível e diesel, que impacta diretamente nos custos de transporte.
Um fator é a realidade e o outro é ficção. A realidade demonstra uma inflação elevada nos custos internos de alimentação e a ficção, para o segmento de alimentação, é o índice de inflação que serve de base para o governo e, consequentemente, reajuste nos preços dos contratos.
- Tendência dos preços dos insumos no curto prazo
Por outro lado, as empresas fornecedoras de matéria-prima estão alinhando sua capacidade de produção em função de uma possível retomada na economia, sendo muito provável um novo patamar de preços para os consumidores e empresas de alimentação. Há uma previsão de que em meados de abril e maio/2021 o IPCA atinja 6%, o que pode ocasionar aumento na taxa de juros, afetando toda a cadeia produtiva.
Considere, adicionalmente, que muitos de seus fornecedores podem estar recompondo os seus estoques e que eles receberão das indústrias um novo impacto nos seus custos, que serão repassados a toda a cadeira (supermercados, empresas de alimentação e varejo).
- Seu lucro está sendo consumido pela falta de controle nos reajustes de custos
Esperamos que esses comentários sirvam de alerta de como evitar a erosão de seus lucros.
Reproduzo um comentário que ouvi de um grande executivo há alguns anos: “Não podemos ser devorados (empresas de alimentação) como o hambúrguer, levando dentadas da parte de baixo da boca (fornecedores que aumentam preços) e da parte de cima (clientes que não permitem o repasse justo dos preços)”.
Se sua empresa deseja estruturar um processo de inflação interna de custos (que compreende mão de obra também) e, ainda, está em situação similar aos pontos enumerados neste artigo, com queda de lucratividade, insatisfação de clientes, inflação interna superior aos índices de repasse de preços, operação de logística e de distribuição, clientes ou operações com prejuízo, dentre outros, não deixe de contatar a JLucentini – Consultores Associados.
Nossa experiência permitirá ajudar a sua empresa a encontrar a melhor relação custo-benefício em toda a sua cadeia produtiva.
Cordial abraço,
José Carlos Lucentini, Msc.
CEO
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