A INFLAÇÃO NO PREÇO DOS ALIMENTOS EM AGOSTO/2022

A JLucentini – Consultores Associados mensalmente presta informação qualitativa, objetivando orientar os gestores de empresas de alimentação a respeito da inflação dos gêneros alimentícios, e seus impactos na erosão dos lucros. A nossa metodologia considera preço à vista nos maiores atacadistas do Estado de São Paulo, tomando-se um cardápio-base composto por itens componentes do desjejum, almoço (incluindo sopa), lanche e jantar.

  1. Inflação apurada em agosto/22

A inflação apurada no mês de agosto de 2022 foi negativa, com deflação de 1,1%, estando em linha com a deflação do IPCM (Índice de Preços ao Consumidor – Mercado) e IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) (vide quadro comparativo abaixo). No acumulado do ano, a inflação que nossa consultoria apura atingiu 7,2% e, nos últimos 12 meses, 14,9%, demonstrando uma tendência de queda. O impacto foi decorrente da diminuição no preço dos combustíveis e da redução na procura. Lembrando que o índice que apuramos atingiu o maior pico a 3,8% no mês de março.

Pela primeira vez no ano de 2022, o índice dos alimentos resultou em uma deflação, ou seja, a inflação de agosto sofreu uma queda comparada ao mês anterior (0,1%), atingindo valores negativos, confirmando o que pesquisadores já estavam prevendo.

Mas isso não é sinônimo de preços baixos nos mercados. A grande maioria dos alimentos realmente teve queda em seus valores, mas não se aplica a todos, principalmente aqueles que são mais consumidos e de suma importância para a alimentação diária, por exemplo, o café que subiu para 8,56%, voltando a oscilar entre altas e baixas no seu valor, como pode ser observado na tabela abaixo.

Esse fator ocorre por conta do clima seco em que o Brasil está passando por esses últimos meses, interferindo nas plantações de café e impactando tanto o mercado interno quanto externo, visto que o  país é um dos maiores produtores de café. A redução das safras não somente interfere internamente nos mercados, mas também aperta a oferta global, ou seja, quanto menor a produção, maior é a procura e, consequentemente, maior ficará o seu valor de venda.

Já nos setores de molhos para saladas e temperos, ambos atingiram 4,51%. Os alimentos responsáveis por esse aumento foram o shoyo, que subiu para 13,84%, o azeite, com 3,17% e o sal, com a maior participação, em 14,11%.

O arroz subiu somente 0,89%, mas pela proporção e ritmo que estava vindo nos meses anteriores, isso é considerado um aumento significativo, pois é um alimento presente no prato de muitos brasileiros, acompanhado do feijão, o segundo elemento mais presente nas refeições. E ao contrário do arroz, o feijão caiu consideravelmente para -11,54%, aliviando um pouco o bolso e aumentando novamente o consumo deste alimento, já que em meses anteriores vinha sido substituído por outros.

Já os alimentos presentes nos grupos das guarnições, da sopa e das saladas foram favorecidos com o clima ameno na maior parte do mês de agosto. As plantações de hortaliças, verduras e legumes, com o auxílio do clima mais tranquilo, sem calor ou frio em excesso, tiveram um ótimo desenvolvimento e crescimento, resultando em boas colheitas, melhorando não somente a qualidade dos alimentos, mas também os valores nelas aplicados.

Dentre os alimentos presentes nesses grupos, destacam-se: cenoura, com queda em -8,53%; tomate, com -2,58%; couve manteiga, que reduziu para -18,51%; escarola, que caiu -5,62%; e acelga, com -0,86%.

  1. Índices oficiais versus índices reais de inflação da alimentação

Comparativamente aos índices oficiais, temos o seguinte quadro comparativo, que corrobora com o cálculo acima: reajuste nos preços de venda versus inflação nos alimentos (fonte: Valor Consulting).

ÍndiceAgosto/22Acumulado

2022

Últimos

12 meses

Acumulado

2021

Índice da JL Consultoria-1,10%7,20 %14,90%24,00%
IPCA-0,73%5,01%9,59%10,42%
INPC (jul.)-0,60%4,97%10,12%9,36%
IGPM-0,70%7,63%8,58%17,79%
IPA M-0,71%8,69%8,66%20,58%
IPC-M-1,18 %2,75%6,93%9,32%

Temos destacado em artigos de meses anteriores a deterioração no lucro das empresas de alimentação corporativa. Enquanto o impacto nos custos de alimentação é de 14,9%, os reajustes de preços, em maioria pelo IPCA (9,59%), que nem sempre são repassados na íntegra, produzem uma redução direta sobre o RBO (Resultado Bruto Operacional) e, consequentemente, no lucro final da empresa.

Caso haja mudança nos cardápios, diminuindo sua qualidade com objetivo de diminuir prejuízos, possíveis impactos indiretos são a insatisfação do cliente com possibilidade de ruptura de contrato, diminuindo a probabilidade de fidelização desse cliente. Desta forma, o impacto econômico e financeiro nos últimos 12 meses pode ser medido da seguinte forma: 60% dos custos de matéria-prima sobre os custos totais da unidade operacional = 60% (diferença entre inflação medida pela JLucentini e o IPCA 14,9% – 9,59% = 5,31%) e, consequentemente, perda possível no RBO = 60% x 0,0531 = 3,18%.

  1. Seu lucro está sendo consumido?

Caso sua empresa esteja em situação similar à descrita nesse artigo, podemos ajudá-lo. Nossa experiência permitirá auxiliar a sua empresa a encontrar a melhor relação custo-benefício em toda a sua cadeia produtiva, de venda e retenção de clientes. Não deixe de nos contatar.

 

Cordial abraço,

José Carlos Lucentini, Msc.

CEO

 

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Referências Bibliográficas:

IROANYA, V. Café tem segundo dia de alta forte com clima seco no Brasil. Disponível em: <https://esportes.yahoo.com/caf%C3%A9-tem-segundo-dia-alta-152340266.html?guccounter=1&guce_referrer=aHR0cHM6Ly93d3cuZ29vZ2xlLmNvbS8&guce_referrer_sig=AQAAAI9W8V_qA5yaRkXG1i1O9ppuAkaXK5Evf1VSg24UWIP2tvAvJ5JeCNGQ7xsO0yWSQX_7Y9fLRbsonOV9opxhWDV_PFjxnxdkUQHeVOC-DI94n6F-Hal2AZ2tlKgc_AqJFg2Xal7kPClwWafCiEQHME8FQ3qx_En6znDE6SRpIjro>. Acesso em  de set. de 2022.

MEDAGLIA, C. Área de cultivo do arroz no Rio Grande do Sul deve cair 10% nesta safra. Disponível em: <https://www.jornaldocomercio.com/expointer/noticias/2022/08/861839-area-de-cultivo-do-arroz-deve-cair-10-nesta-safra.html>. Acesso em  de set. de 2022.

MUNIZA, M. Prévia da inflação de agosto cai 0,73%, mas os preços dos alimentos seguem subindo. Disponível em: <https://www.cut.org.br/noticias/previa-da-inflacao-de-agosto-cai-0-73-mas-os-precos-dos-alimentos-seguem-subindo-bdc2>. Acesso em  de set. de 2022.