A INFLAÇÃO NO PREÇO DOS ALIMENTOS EM DEZEMBRO/2020 E A PREVISÃO DE AUMENTO NOS CUSTOS NO INÍCIO DE 2021

 

  1. Introdução

A JLucentini – Consultores Associados mensalmente presta informação qualitativa, objetivando orientar os gestores de empresas de alimentação a respeito da inflação dos gêneros alimentícios e seus impactos na erosão dos lucros.

Nossos comentários, além dos itens componentes da inflação, analisam os impactos versus o reajuste de preços de contratos e, consequentemente, a margem de lucro, que cai; para manter a lucratividade as empresas acabam diminuindo a qualidade de seus cardápios, gerando insatisfação de seus clientes.

É um fato que temos evidenciado em todas as nossas consultorias, que denominamos como “círculo vicioso”. A insatisfação, cedo ou tarde, leva à ruptura do contrato.

A nossa análise compreende os seguintes itens: metodologia de apuração, a inflação dos alimentos, tendência dos preços no curto prazo que contêm os efeitos dos decretos: 65.252, 65.253, 65.254/2020, emitidos pelo Governo do Estado de São Paulo, majorando as alíquotas de ICMS (Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação) de vários produtos que compõem o cardápio, finalizando com nossos comentários e sugestões.

  1. Metodologia de apuração

A coleta de dados refere-se a preços médios e à vista em três grandes atacados da Grande S. Paulo, tomando-se um cardápio-base composto por itens componentes do desjejum, almoço, lanche e jantar.

O objetivo é avaliar o preço à vista, pois de forma geral, quando as empresas de alimentação requerem aumento de pagamento ou rebates, os fornecedores nem sempre possuem margem de lucro que suporte esses custos adicionais, repassando-os, portanto, aos seus respectivos preços de venda, com cálculo por dentro, acrescentando impostos e margem.

Recomenda-se que as áreas de compra possuam metodologia que determine o melhor preço econômico de compra.

  1. Comentários sobre a inflação

A inflação média ponderada do mês de dezembro perfez 2,1% no acumulado entre setembro e dezembro, que foi nosso quarto mês de medição, e atingiu 10,3%.

A grande maioria da base do cardápio continua a pressionar o custo das empresas de alimentação. O cenário é parecido com o que temos visto nos últimos meses, em que o grupo de alimentos e bebidas continua impactando bastante o resultado.

Destacamos que no período de quatro meses praticamente todos os produtos tiveram altas expressivas, conforme demonstrado no quadro a seguir.

A nossa apuração, que corresponde a quatro meses, está em consonância com os índices de preços no atacado, apurados pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), o que representa uma inflação anual relativa aos últimos 12 meses em relação ao período dezembro/18 a novembro/19.

  • IPA – M – Preços no atacado – 31,63%
  • IPA – M – Produtos Industriais – 24,65%
  • IPA – M – Produtos Agroindustriais – 60,55%

Os cardápios das empresas de alimentação e varejo, face à sua composição, podem estar mais ou menos em relação aos índices IPA. Todavia, de qualquer forma, há um impacto maior nos custos de produção e erosão dos lucros, se considerarmos que os reajustes de preços se baseiam na metodologia do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), apurados em idêntico período aos da FGV:

  • IPCA – 4,31%
  • INPC – 5,20%

Um fator é a realidade e o outro é ficção. A realidade demonstra uma inflação elevada nos custos internos de alimentação e a ficção, para o segmento de alimentação, é o índice de inflação que serve de base para o governo e, consequentemente, reajuste nos preços dos contratos.

  1. Tendência dos preços dos insumos no curto prazo

O governo do Estado de São Paulo, com base nos decretos 65.252, 65.253, 65.254/2020, majorou as alíquotas de ICMS, a partir de 15 de janeiro de 2021, por um período de 24 meses.

  • Alíquota sobre a base de cálculo das refeições e serviços congêneres, passando de 3,2% para 3,69%.,
  • Muitas matérias-primas, algumas não eram tributadas, que compõem o custo do cardápio, principalmente: aves, produtos do abate em frigorífico paulista (25%), leite (27,66%), ovos (34,3%), farinha de trigo e suco de laranja (10,83%).
  • Esses produtos terão impactos diretos, além de incrementar as matérias-primas em que são utilizados como derivados.

Segundo o jornal Valor Econômico de 4/1/2021 (p. 8), discorre sobre um estudo recente do Centro de Agronegócios da FGV, que indica uma perda no consumo de R$ 21,4 bilhões em bens e serviços, e queda no PIB (Produto Interno Bruto) da região Sudeste em 2021, de R$ 4 bilhões somente no Estado de São Paulo. Considera, ainda, que a cada R$ 1 de aumento nos tributos há uma queda de R$ 2,75 no consumo das famílias e empresas. Ressalte-se que os medicamentos, que afeta a população mais desfavorecida (idosos), tiveram um aumento de 18% em média.

Considerando que o abono emergencial da pandemia foi todo suportado pelo governo federal, a decisão do Governo de São Paulo tem como objetivo realinhar suas receitas, em detrimento de cortes de gastos (comentário nosso).

Por outro lado, as empresas fornecedoras de matéria-prima estão alinhando sua capacidade de produção em função de uma possível retomada na economia, sendo muito provável um novo patamar de preços para os consumidores e empresas de alimentação. Há uma previsão que em meados de abril e maio/2021 o IPCA atinja 6%, o que pode ocasionar um aumento na taxa de juros, afetando toda a cadeia produtiva.

Considere, adicionalmente, que muitos de seus fornecedores podem estar recompondo os seus estoques e que eles receberão das indústrias um novo impacto nos seus custos e que serão repassados a toda a cadeira (supermercados, empresas de alimentação e varejo).

  1. Seu lucro está sendo consumido pela falta de controle nos reajustes de preços

Esperamos que esses comentários levem à sua reflexão de como evitar a erosão de seus lucros.

Reproduzo um comentário que ouvi de um grande executivo há alguns anos: “Não podemos ser devorados (empresas de alimentação) como o hambúrguer, levando dentadas da parte de baixo da boca (fornecedores que aumentam preços) e da parte de cima (clientes que não permitem o repasse justo dos preços)”.

Se sua empresa deseja estruturar um processo de inflação interna de custos (que compreende mão de obra também) e, ainda, está em situação similar aos pontos enumerados neste artigo, com queda de lucratividade, insatisfação de clientes, inflação interna superior aos índices de repasse de preços, operação de logística e de distribuição, clientes ou operações com prejuízo, dentre outros, não deixe de contatar a JLucentini – Consultores Associados.

Nossa experiência permitirá ajudar a sua empresa a encontrar a melhor relação custo-benefício em toda a sua cadeia produtiva.

 

Cordial abraço,

José Carlos Lucentini, Msc.

CEO

 

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