A INFLAÇÃO NO PREÇO DOS ALIMENTOS EM DEZEMBRO/2021

  1. Introdução

Tem sido preocupante o aumento nos preços dos insumos no atacado, o que pode ser constatado com a evolução do IPA-M (Índice de Preços por Atacado – Mercado), que perfez a 0,95% em dezembro/21 e a 20,58%, no acumulado em 2021.

A nossa tomada de preços que representa a inflação interna perfez 0,20% em dezembro/21 e 24,0% no acumulado de 2021. Apesar de ser um índice inferior ao IPA-M, ele ainda é relevante, pois já supera os reajustes de preços anuais praticados pelas empresas em coletividade que têm como base o IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (10,42% de janeiro a dezembro/21).

Como, em geral, o IPCA representa o índice de inflação nas compras e consumo das empresas de alimentação, que realinha os preços, quase sempre, anualmente, ele pode estar contribuindo para a erosão do lucro acrescido e, ainda, na redução nos volumes em função da pandemia e do trabalho home office. Isso significa que, em linhas gerais, toda a inflação que ocorreu no ano de 2021 corresponderá a uma redução direta da lucratividade ou aumento no prejuízo.

No natal de 2021 a inflação mostrou variação de 5,39% no acumulado dos últimos 12 meses, de acordo com os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Embora o resultado seja inferior ao apurado no mesmo período do ano de 2020, quando atingiu 13,51%, o índice superou o de anos anteriores: 3,81% em 2019; 3,37% em 2018; e -2,30%, em 2017.

Segundo economistas do Ibre, o fator que mais puxou a inflação de 2021 foi o aumento dos alimentos, com variação média de 7,93%, apesar de ter ficado bem menor do que no mesmo período do ano anterior (28,61%).

Café, frutas, carnes e cebola estiveram entre os principais aumentos no grupo alimentação, no IPCA-15, medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), que mede a prévia da inflação oficial, fechou 2021 em 10,42%. Essa é a maior taxa para um ano, desde 2015 (10,71%).

Nos últimos 12 meses, o frango inteiro, por exemplo, subiu 24,28%, liderando a lista dos itens que mais pressionam o bolso do consumidor. Em seguida aparecem ovos (17,79%), azeitona (15,13%), carnes bovinas (14,72%), farinha de trigo (13,70%) e azeite (13,26%).

Por outro lado, houve queda nos preços do arroz e feijão (-8,27%) e do pernil suíno (-1,27%). Problemas nas produções com secas, geadas, alta nos preços dos combustíveis e energia elétrica, refletiram ainda nas proteínas. O câmbio alto favoreceu à exportação das carnes, contribuindo para a permanência dos preços das proteínas em alta. Entretanto, com o retorno gradual das chuvas, diversos alimentos já tiveram uma normalização na dinâmica de seus preços, como arroz, frutas, hortaliças e legumes.

Principais alimentos e suas variações de preços no acumulado em 12 meses até outubro de 2021, segundo IPCA do IBGE: +10,67%

Alimentação e bebidas: +11,71%

Alimentação no domicílio: +13,27%

Feijão fradinho: +17,47%

Milho: +18,45%

Farinha de trigo: +15,36%

Açúcar refinado: +47,82%

Carnes: +19,71%

Frango: +33,28%

Óleo de soja: +14,67%

Café moído: +34,53%

Combustíveis e energia: +31,52%

Gás de botijão: +37,86.

 

  1. Nossa metodologia de análise

A JLucentini – Consultores Associados mensalmente presta informação qualitativa, objetivando orientar os gestores de empresas de alimentação a respeito da inflação dos gêneros alimentícios, e seus impactos na erosão dos lucros.

A nossa metodologia considera preço à vista nos maiores atacadistas do Estado de São Paulo, tomando-se um cardápio-base composto por itens componentes do desjejum, almoço (incluindo sopa), lanche e jantar.

 

  1. Comentários sobre a inflação de dezembro/2021

No quadro a seguir, apuramos a inflação de dezembro/2021 em 0,20% sobre o mês de novembro/2021, e a grande maioria da base do cardápio continua pressionando o custo das empresas de alimentação. O cenário é parecido com o que temos visto nos últimos meses, em que o grupo de alimentos e bebidas continua impactando bastante o resultado.

 

  1. Principais indicadores de preços e as tendências no curto prazo

Segundo o site Valor Consulting (02/01/2022), os principais índices acumulados de 2021, últimos 12 meses, e do ano de 2020 são:

ÍndiceDez/21Acumulado

2021

Últimos

12 meses

Acumulado

2020

Índice da JL Consultoria0,20%24,00%24,00%14,2% (*)
IPCA- (jan./dez.)0,78%10,42%10,42%5,52%
INPC (jan./nov.)0,84%9,36%10,95%5,45%
IGPM (jan./dez.)0,87%17,79%17,79%23,14%
IPA M (jan./dez.)0,95%20,58%20,58%31,64%
IPC-M (jan./dez.)0,84%9,32%9,32%4,81%

(*) período de apuração – julho a dezembro/2020.

Verificamos que o IPA-M, que representa os preços no atacado e que em muito se aproxima da inflação das empresas de alimentação, no acumulado do ano 2021 apresentou um crescimento constante e gradativo.

A preocupação deve ser redobrada, todavia, há a economia de centavos no controle de custos, da previsibilidade, da escolha do cardápio mais econômico e uma preparação para a área de Compras e Planejamento de Cardápios, objetivando trazer a melhor relação custo-benefício, sem proporcionar reclamações dos consumidores e de seus clientes quanto à qualidade e repetição do cardápio.

Por outro lado, o seu cliente provavelmente está, também, passando por dificuldades econômicas e tentar realizar reajuste de preços é praticamente impossível, o que pode levá-lo a tomar preços de seus concorrentes no mercado. O importante nesses casos é tentar construir uma solução conjunta, uma terceira via, em que as partes possam chegar a um denominador-comum.

 

  1. Projeção inflação para 2022

Segundo o UOL, empresários e economistas apontam que os alimentos podem continuar subindo de preço no primeiro semestre de 2022. Dizem que o “alívio” deve acontecer somente no segundo semestre, se tudo der certo, como o planejado. Os aumentos no primeiro semestre vão ser gerais: do pãozinho da padaria a embalados e processados vendidos nos supermercados. Isso vai acontecer por causa de encarecimento na cadeia de produção, com reajustes de grãos e carnes, energia elétrica e combustíveis.

Os preços só devem começar a desacelerar no fim do segundo trimestre de 2022 se forem confirmadas as expectativas de aumento da safra agrícola, de estabilização do dólar e de redução das tarifas de eletricidade com a volta das chuvas, assentam empresários e economistas.

Seca, menos produção agrícola e a atual alta dos preços de alimentos ainda é reflexo de problemas que surgiram na pandemia, como escassez de matérias-primas e desorganização da cadeia global de suprimentos, que se juntaram, no Brasil, à queda na produção agrícola, à seca e à valorização do dólar. Esses fatores tendem a perder força em 2022. Por isso, especialistas descartam que a atual inflação de alimentos, que vem desde 2020, seja um problema que veio para ficar para sempre. A perspectiva para o ano que se inicia é que as pressões de custo de produção de alimentos permaneçam devido aos preços de energia e commodities agrícolas e ao câmbio.

Commodities são matérias-primas ou alimentos frescos usados pela indústria de alimentos em produtos vendidos após beneficiamento ou processamento. Por exemplo, o açúcar usado para doces ou refrigerantes. “Custos encarecem produção de alimentos”, segundo o presidente da Abia (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos), que representa cem empresas que produzem alimentos e bebidas. Vale lembrar que o setor ainda convive com custos hoje muito mais elevados que os de antes da pandemia.

Após os períodos de lockdown, encomendas e compras que estavam suspensas voltaram todas ao mesmo tempo. A disputa de muitos países pelos mesmos produtos gerou uma corrida que provocou o aumento dos preços. Parte desses gargalos ainda permanece, e isso deve afetar os preços dos alimentos em 2022, aponta a indústria de alimentos.

 

  1. Seu lucro está sendo consumido pela falta de controle nos reajustes de custos

Esperamos que esses comentários sirvam de alerta de como evitar a erosão de seus lucros.

Caso sua empresa deseje estruturar um processo de inflação interna de custos (que compreende mão de obra também) e, ainda, está em situação similar aos pontos enumerados neste artigo, com queda de lucratividade, insatisfação de clientes, inflação interna superior aos índices de repasse de preços, operação de logística e de distribuição, clientes ou operações com prejuízo, dentre outros, não deixe de contatar a JLucentini – Consultores Associados.

Nossa experiência permitirá ajudar a sua empresa a encontrar a melhor relação custo-benefício em toda a sua cadeia produtiva.

 

Cordial abraço,

José Carlos Lucentini, Msc.

CEO

Contatos:

klaus@jlucentini.com.br

Cel.: (11) 98848-1119

www.jlucentini.com.br

 

Fontes consultadas:

CARVALHO, C. Inflação em 2022: quais são as perspectivas? 2022. Disponível em: <https://www.euqueroinvestir.com/inflacao-em-2022-quais-sao-as-perspectivas/>. Acesso em 03 de jan. 2022.

GANDRA, A. Alimentos e presentes pressionam inflação no Natal. 2021. Disponível em: <https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2021-12/alimentos-e-presentes-pressionam-inflacao-do-natal>. Acesso em 03 de jan. 2022.

OLIVEIRA, J. J. Comida deve continuar cara n começo de 2022 e só desacelera no 2º semestre. 2021. Disponível em: <https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2021/12/11/inflacao-de-alimentos-vai-desacelerar-em-2022-mas-so-no-2-semestre.htm>. Acesso em 03 de jan. 2022.

SOARES, G. Inflação em São Paulo tem alta de 0,61%na 1ª quadrissemana de dezembro. 2021. Disponível em: <https://www.poder360.com.br/economia/inflacao-em-sao-paulo-tem-alta-de-061-na-1a-quadrissemana-de-dezembro/>.  Acesso em 03 de jan. 2022.