A apuração de nossa consultoria representa o índice de inflação nas compras das empresas de alimentação, que compreende um serviço completo diário: café da manhã, almoço com sopa, lanche de tarde, jantar e ceia, com preço à vista, cuja pesquisa é realizada no mercado atacadista de alimentos, portanto não considera custos com fretes e reciprocidade de fornecedores.
A inflação apurada no mês de junho de 2022 atingiu 0,2%. No acumulado do ano, ficou em 8,2% e, nos últimos 12 meses, em 27,8%. Há que se destacar, porém, uma certa estabilização em valores altos e a grande maioria da base do cardápio continua pressionando o custo das empresas de alimentação e varejo, cujo cenário é parecido com o que temos visto nos últimos meses, em que o grupo de alimentos e bebidas continua impactando bastante o resultado dessas empresas.
- Valor de compra e custo final do produto é a mesma coisa: “O barato pode sair caro”
Há uma diferença, que muitos confundem, entre preço de compra (que é base de nosso levantamento mensal) e custo final do produto que, nele, considera a qualidade do produto entregue e a manipulação operacional, acrescentando-se, ainda, o índice de correção (limpeza e degelo) e de cocção.
Portanto, pode-se ter um bom desempenho na área de compras, mas um mau desempenho na área operacional. Há que se destacar a necessidade de um planejamento prévio para que o custo final sofra o menor impacto possível.
- Inflação apurada em junho/22
Na nossa apuração no mês de junho de 2022, notamos que não houve mudanças súbitas nos preços dos alimentos (como um aumento excessivo ou uma queda brusca), pelo contrário, percebemos que os preços estão buscando o equilíbrio, voltando ao “normal” sem beirar os dois extremos, ou seja, desacelerou e subiu apenas 0,2%, após subir 1,5% em maio.
A boa notícia foram os alimentos para consumo no domicílio, que saíram de uma alta de 1,71% em maio para 0,08%. Uma série de produtos que havia subido de preço nos últimos meses teve quedas.
O feijão foi o alimento que mais teve redução em seu preço no mês de junho, onde de 28,21% feitos em maio, reduziram -7,73%. Isso ocorre devido à decisão dos agricultores em reduzirem as safras, já que nos meses anteriores o consumo caiu por conta do alto preço. A estratégia que tiveram para não haver perdas ou desperdícios foi a redução da safra em 9,9% comparado ao mesmo período do ano passado e a baixa nos preços para que se aumentasse novamente o consumo da leguminosa.
O setor de guarnições se apresentou com queda de 7,61%. Um dos alimentos responsáveis por essa taxa é a batata inglesa, que reduziu seu preço em 38,85%, acompanhado da cenoura, que reduziu em 23,16%.
O leite longa vida, que havia subido 7,99% e sido um dos vilões da inflação em maio, registrou alta menor, de 3,45% em junho.
No que se refere aos LFV (legumes frutas e verduras), destacamos as seguintes reduções de preços: tomate 12,76%, hortaliças e verduras em geral 5,44% e frutas 2,61%.
Por outro lado, destacamos que, em junho/22, as maiores evoluções de preços foram registradas com café, vinagre e azeite. Os três foram os alimentos que tiveram alta de preços atingindo 7,54%, 7,43% e 5,74%, respectivamente.
O preço da saca do café ganhou força nos últimos 12 meses e registrou uma elevação média de 172%. A saca que era negociada em torno de R$ 483,25 em junho de 2021 chega, em junho de 2022, ao preço de R$ 1.316,85.
- Índices oficiais versus índices reais de inflação da alimentação
Comparativamente aos índices oficiais, temos o seguinte quadro comparativo, que corrobora com o cálculo acima: reajuste nos preços de venda versus inflação nos alimentos (fonte: Valor Econômico).
Índice | Junho/22 | Acumulado 2022 | Últimos 12 meses | Acumulado 2021 |
Índice da JL Consultoria | 0,20% | 8,20 % | 27,80% | 24,00% |
IPCA | 0,69% | 4,96% | 11,89% | 10,42% |
INPC (maio.) | 0,45% | 4,49% | 12,46% | 9,36% |
IGPM | 0,59% | 8,16% | 10,70% | 17,79% |
IPA M | 0,30% | 9,24% | 10,71% | 20,58% |
IPC-M | 0,71% | 4,26% | 10,23% | 9,32% |
Temos destacado em artigos de meses anteriores a deterioração no lucro das empresas de alimentação corporativa. Enquanto o impacto nos custos de alimentação é de 27,8%, os reajustes de preços, em maioria pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) (11,89%), que nem sempre são repassados na integra, produzem uma redução direta sobre o RBO (Resultado Bruto Operacional) e, consequentemente, no lucro final da empresa. Caso haja mudança nos cardápios, diminuindo sua qualidade com objetivo de diminuir prejuízos, possíveis impactos indiretos são a insatisfação do cliente e possível ruptura de contrato, diminuindo a probabilidade de fidelização desse cliente.
- Seu lucro está sendo consumido?
Caso sua empresa esteja em situação similar à descrita nesse artigo, podemos ajudá-lo. Nossa experiência permitirá ajudar a sua empresa a encontrar a melhor relação custo-benefício em toda a sua cadeia produtiva, de venda e retenção de clientes. Não deixe de nos contatar.
Cordial abraço,
José Carlos Lucentini, Msc.
CEO
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Referências Bibliográficas:
RIVEIRA, C. Prévia da inflação dejunho sobe 0,69%, com destaque para alta nos planos de saúde. 2022. Disponível em: <https://exame.com/economia/ipca15-previa-inflacao-junho-2022/>. Acesso em: 03 de julho de 2022.
SANTIAGO, H. Preço de arroz e feijão cai em 1 ano, mas por que eles continuam caros? 2022. Disponível em: <https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2022/06/17/arroz-feijao-preto-mais-caros-inflacao.htm>. Acesso em: 03 de julho de 2022.
APAS (Associação Paulista de Supermercados). Pesquisa da APAS aponta aumento no preço do café no 2° semestre de 2022. 2022. Disponível em: <https://portalapas.org.br/pesquisa-da-apas-aponta-aumento-no-preco-do-cafe-no-2o-semestre-de-2022/#:~:text=De%20acordo%20com%20uma%20pesquisa,de%20R%24%201.316%2C85>. Acesso em: 03 de julho de 2022.