A INFLAÇÃO NO PREÇO DOS ALIMENTOS EM AGOSTO/2021

A JLucentini – Consultores Associados mensalmente presta informação qualitativa, objetivando orientar os gestores de empresas de alimentação a respeito da inflação dos gêneros alimentícios, e seus impactos na erosão dos lucros.

A nossa metodologia considera preço à vista nos maiores atacadistas do Estado de São Paulo, tomando-se um cardápio-base composto por itens componentes do desjejum, almoço (incluindo sopa), lanche e jantar.

A INFLAÇÃO DE AGOSTO/21

A inflação que a nossa consultoria tem apurado em 2021 demonstrou que houve um “relativo bom comportamento” nos primeiros meses do ano, todavia, se analisarmos, porém, os últimos quatro meses, a nossa apuração demonstra 14%, e no acumulado de oito meses perfaz 17,1%. Isso significa que a inflação está em ligeira aceleração para os gêneros alimentícios.

A inflação de agosto/2021 teve acréscimo de 6,9% sobre o mês de julho/2021, e a grande maioria da base do cardápio continua pressionando o custo das empresas de alimentação e varejo, cujo cenário é parecido com o que temos visto nos últimos meses, em que o grupo de alimentos e bebidas continua impactando bastante o resultado dessas empresas.

Os itens que mais têm impactado na inflação das empresas de alimentação são os seguintes:

a) Proteínas – é o item de maior participação no cardápio (49,9%), cuja inflação, em elevação, perfez 16% nos últimos três meses e 23% no acumulado de 2021, e principais causas são: a taxa de câmbio – real versus dólar americano, volátil e acima de R$ 5,20 proporciona uma competitividade dos preços internos aos de exportação, de vários insumos como as proteínas e, também, a quebra na safra do milho e a desvalorização cambial encarecem o insumo para alimentação dos animais, além da energia elétrica para a criação dos pintinhos.

b) A retomada gradual da economia e do consumo, versus a falta de matérias-primas de produção, provocam escassez e aumento nos preços.

c) LFV – legumes, frutas e verduras – cujos componentes estão inseridos nas saladas, sobremesa e molhos, tendo como principal causa o forte clima frio em muitas regiões produtoras no país, ocorrido nas últimas semanas de julho. Os danos nas plantações atingiram também os preços das saladas, aumentando em 7,04%, assim como para os temperos e molhos, onde ambos chegaram a 7,67%. Nota-se que o aumento nesses setores teve uma grande participação do azeite e do óleo de soja, ambos prejudicados em plantações, e o reflexo deste ocorrido está nos mercados internacionais, obtendo seus preços finais bem mais altos. As frutas, que fazem parte das sobremesas, tiveram um alto ajuste em seus preços, apontando 6,14% em seu índice.

Segundo o site Veja, o economista André Braz, Coordenador dos Índices da Preços da FGV, afirma: “Os efeitos da seca e das geadas estão mais evidentes no resultado do índice ao produtor. Entre os bens finais, os preços dos alimentos in natura avançaram 5,12%. Já entre as matérias-primas, os destaques foram as culturas mais afetadas pelo clima, como milho (10,03%) e café (13,76%). Afora os preços dos alimentos, os combustíveis e lubrificantes para a produção subiram 3,72% e contribuíram para a aceleração da inflação ao produtor”.

d) As bebidas, cuja composição principal é o suco polpa, perfizeram 23,31% no mês e 91,6% no acumulado. O café, que desde julho já indicava aumento em agosto, chegou a 9,90%, e a 30,3% em oito meses.

e) Indiretos de produção aumentam os custos dos restaurantes comerciais, primeiramente, a falta de matérias-primas e, sobretudo, pela alta da energia elétrica, 5,00%, que acelerou frente a julho 4,79%, e o aumento do preço do botijão de gás de cozinha, 3,79%. A gasolina também teve sua taxa de participação, fazendo com que os transportes apresentassem o maior impacto positivo no índice de agosto.

 

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou no dia 25 de agosto o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de agosto, cujo índice registrou 0,89%, ficando 0,17% acima da taxa registrada em julho (0,72%).

O órgão ressaltou ainda que essa foi a maior variação para um mês de agosto desde 2002, quando o índice foi de 1,00%, e comparou com o mesmo período em 2020, cuja variação foi 0,23%. Ainda segundo os dados do IBGE, o setor de alimentação e bebidas aumentou mais que o dobro, passando de 0,49% para 1,02% em agosto, assim como a inflação de agosto (0,24%), puxada pelos preços dos alimentos e da gasolina, a mais alta para o mês desde 2016, embora tenha desacelerado em relação a julho (0,36%),

O Boletim Focus, divulgado em 30 de agosto, indica que o impacto nos alimentos vai de encontro à visão do mercado financeiro para a inflação, prevendo que o IPCA deverá ficar em 7,50% no final de 2021 – muito acima do teto da meta, que é de 5,25% para este ano. Desta forma, prevê que o Banco Central irá aumentar continuamente a taxa Selic, a taxa básica de juros utilizada para conter os preços.

TENDÊNCIAS

A retomada gradual da economia tem levado à falta de matéria-prima em boa parte da cadeia produtiva, e vem corroborando para o aumento nos preços dos insumos, portanto é uma inflação de custos gerada pela falta de produtos e ainda há elevação no preço dos combustíveis e impactos em toda o restante da cadeia produtiva: transporte, frete, gás de cozinha.

Além do gás, utilizado na produção dos pratos, a crise hídrica trará, até meados de 2022, um aumento no custo da energia elétrica, o que afeta diretamente as empresas de alimentação e varejo, sobretudo no consumo das câmaras frias, freezers, produção e atendimento, dentre outros. Esses custos têm pouca ou nenhuma margem de manobra pelas empresas de alimentação e, especialmente do varejo que, além de tudo tem sofrido com as restrições de venda e clientes face às medidas restritivas governamentais e de saúde.

Portanto, se somarmos os efeitos da inflação dos gêneros alimentícios, custos diretos e indiretos, a inflação pode aproximar-se a 30% ao ano nas empresas de alimentação.

Temos ressaltado em boletins anteriores que o reajuste de preços pelo IPCA não reflete a reposição na venda do verdadeiro custo, que está em patamares elevados, demonstrados segundo nossa apuração, o que leva à redução drástica das margens operacionais e possível endividamento das empresas.

O centro de inflação do IPCA tem vários itens que o compõem e a matéria-prima tem uma participação próxima a 25% do índice. Essa distorção reajuste x inflação interna real corrói drasticamente a lucratividade das empresas de alimentação.

O IPA é que o apresenta maior convergência à inflação medida pela nossa consultoria.

ÍndiceAgo/21Acumulado

2.021

Acumulado últimos

12 meses

Acumulado

2.020

IPCA- (jan./ago.)0,89%5,81%9,30%5,52%
INPC (jan./jul.)1,02%5,01%9,85%5,45%
IGPM (jan./ago.)0,66%16,75%31,12%23,14%
IPA M (jan./ago.)0,66%20,62%39,99%31,64%
IPC-M (jan./ago.)0,75%5,04%8,59%4,81%

 

PRECAUÇÕES

Destacamos os seguintes aspectos importantes que, em sua maioria, podem passar despercebidos pelos gestores:

a) Preço à vista, pois quando as empresas de alimentação requerem aumento de pagamento ou rebates, os fornecedores nem sempre possuem margem de lucro que suporte esses custos adicionais, repassando-os, portanto, aos seus respectivos preços de venda, com cálculo por dentro, acrescentando impostos e margem, o que aumenta o custo final;

b) A inflação interna, conforme temos demonstrado, tem se mantido muito acima dos reajustes de preços praticados, o que diminui a margem de lucro;

c) Círculo vicioso – para manutenção da lucratividade, qualquer mudança no padrão dos cardápios e de pessoal, na maioria dos casos, representa alto risco de insatisfação dos clientes e, ao longo do tempo, possibilidades de ruptura de contrato.

d) Aumento de custos pelos decretos do Governo do Estado de São Paulo. Os decretos emitidos em novembro/2020 (65.252, 65.253 e 65.254/2020) majoraram a alíquota do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços) em alimentação, de 3,2% para 3,69%, e o que pode passar despercebido é que vários produtos que compõem o custo da alimentação sofreram majoração, dentre eles proteínas, LFV (legumes, frutas e verduras), laticínios e seus derivados.

O seu lucro está sendo consumido pela falta de controle nos reajustes de custos!

Esperamos que esses comentários sirvam de alerta de como evitar a erosão de seus lucros. Caso sua empresa deseje estruturar um processo de inflação interna de custos (que compreende mão de obra, também) e, ainda, está em situação similar aos pontos enumerados neste artigo, com queda de lucratividade, insatisfação de clientes, inflação interna superior aos índices de repasse de preços, operação de logística e de distribuição, clientes ou operações com prejuízo, dentre outros, não deixe de contatar a JLucentini – Consultores Associados.

Nossa experiência permitirá ajudar a sua empresa a encontrar a melhor relação custo-benefício em toda a sua cadeia produtiva.

 

Cordial abraço,

José Carlos Lucentini, Msc.

CEO

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