- Comentários sobre a inflação de abril/2022 e acumulada
A inflação apurada no mês de abril de 2022 atingiu 0,2%; no acumulado do ano, ficou em 6,5%, e nos últimos 12 meses, em 28,3%. Esses fatos demonstram uma certa acomodação da inflação na área de alimentação, todavia essa estabilização ocorre em patamares elevados.
O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que é considerado o índice da inflação do país, está em 12%, o que significa que, em geral, as empresas de alimentação podem estar deteriorando as margens de lucro, o RBO – Resultado Bruto Operacional.
Desta forma, se a estrutura de custos é de 60% da matéria-prima, a diferença de 17% representa uma erosão direta no lucro, de 10,2%. Algumas ações tomadas, como ajustar o cardápio para manter a lucratividade, podem ocasionar insatisfação, possíveis reclamações dos consumidores com a qualidade do produto, com risco de rescisão do contrato. O Banco Central tem agido no sentido de aplacar o crescimento da inflação, com aumento da taxa Selic em 12,75%, com tendência de alta, cujos efeitos reduzem o consumo e ocasionam maior custo financeiro para as empresas.
O risco sistemático, que é aquele existente na economia, que as empresas não têm domínio, mas sofrem impacto direto, como o decorrente da guerra na Europa e a falta de insumos para a agricultura, poderá reduzir a produção de grãos no país, além de aumentar seus preços, produzindo inflação (“inflação importada”), somado à tendência de baixo crescimento na China, que tem realizado lockdowns para evitar a propagação da Covid-19, com impacto nas exportações brasileiras. Há, ainda, a inflação elevada nos países desenvolvidos, cuja tendência é de aumento na taxa de juros, com consequente migração dos investidores para esses países, mais estáveis e seguros, ocasionando maior depreciação do real em relação ao dólar, que pode ser equilibrado, caso a exportação possa manter o seu nível (no caso, a entrada de dólares), pelo aumento no preço das comodities mundiais.
As principais commodities que movimentam a economia brasileira são as seguintes, em valores anuais, em bilhões de dólares, de exportação: a) soja (US$ 36 bi), b) minério de ferro (US$ 26 bi), c) petróleo bruto (US$ 20 bi), d) açúcar e melaços (US$ 9 bi), e) boi gordo (US$ 9 bi), f) celulose (US$ 6 bi), e g) milho (US$ 5,9 bi).
Os preços das commodities elevados nos mercados internacionais favorecem os produtores internos, todavia, como já abordamos em relatórios anteriores, quando um produto sobe internacionalmente (por exemplo, o boi gordo), é comum que o preço no mercado brasileiro suba também, pois é mais provável que o produtor balize o preço interno ao de exportação, pois sua preferência será manter e aumentar o mercado externo. Em nossos artigos de dezembro/21 e janeiro/22 abordamos esses temas com detalhes. Caso haja interesse no entendimento do mecanismo, recomendamos pesquisá-los em nosso blog. No mercado nacional, a entrada do inverno pode afetar diretamente os LFV (legumes, frutas e verduras) que, nesse mês de abril, tiveram uma redução nos preços, fator que reduziu a inflação do mês, cujos detalhes serão comentados a seguir.
- Detalhes de nossa apuração
Relembramos que a apuração de nossa consultoria representa o índice de inflação nas compras e consumo das empresas de alimentação, que compreende um serviço completo diário: café da manhã, almoço com sopa, lanche de tarde, jantar e ceia, com preço à vista, cuja pesquisa é realizada no mercado atacadista de alimentos, portanto não considera custos com fretes e reciprocidade de fornecedores.
Comparativamente aos índices oficiais, temos o seguinte quadro comparativo, que corrobora com o cálculo acima: reajuste nos preços de venda versus inflação nos alimentos (fonte: Valor Econômico).
Índice | Abr/22 | Acumulado 2022 | Últimos 12 meses | Acumulado 2021 |
Índice da JL Consultoria | 0,20% | 6,50 % | 28,30% | 24,00% (*) |
IPCA | 1,73% | 4,31% | 12,03% | 10,42% |
INPC (mar.) | 1,71% | 3,41% | 11,73% | 9,36% |
IGPM | 1,41% | 6,97% | 14,65% | 17,79% |
IPA M | 1,45% | 8,43% | 16,11% | 20,58% |
IPC-M | 1,53% | 3,17% | 10,32% | 9,32% |
(*) período de apuração – janeiro a dezembro/2021
Em abril, os itens de LFV que afetam diretamente as saladas, sobremesas e temperos, tiveram, no geral, redução conforme tabela a seguir, com exceção do tomate, que aumentou 26,2%, neste mês.
Os itens que tiveram redução de preços no mês de abril foram:
Item | Inflação em abril/22 |
Arroz | -1,47% |
Azeite | -5,01% |
Cenoura | -10,21% |
Vinagre de vinho branco | -13,68% |
Shoyo | -42,17% |
Apesar do bom comportamento da inflação em abril/22, há que se ressaltar que uma grande parte dos produtos teve um crescimento elevado nos últimos 12 meses.
Entretanto, os itens que mais evoluíram ao longo de 12 meses foram:
Item | Evolução 12 meses |
Café | 67,6% |
Bebidas: suco polpa | 71,7% |
Saladas | 49,8% |
Óleo de soja | 25,8% |
Proteínas: bovina, ovina, porco, peixe, embutidos | 15,9% |
Feijão | 18,9% |
Cenoura | 178,4% |
Batata | 117,3% |
Cebola | 209,4% |
Tomate | 404,1% |
Sobremesas: gelatina, banana Nanica e laranja Pêra | 22,8% |
- Seu lucro está sendo consumido pela falta de controle nos reajustes de custos
Caso sua empresa deseje estruturar um plano estratégico de custos e preço de venda e, ainda, está em situação similar aos pontos enumerados neste artigo, com queda de lucratividade, insatisfação de clientes, inflação interna superior aos índices de repasse de preços, operação de logística e de distribuição, clientes ou operações com prejuízo, dentre outros, não deixe de contatar a JLucentini – Consultores Associados.
Nossa experiência permitirá ajudar a sua empresa a encontrar a melhor relação custo-benefício em toda a sua cadeia produtiva.
Cordial abraço,
José Carlos Lucentini, Msc.
CEO
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