A inflação de custos de sua empresa está consumindo o seu Lucro e o Caixa? Você tem domínio dos custos e lucros de sua empresa?

Essa é uma pergunta que normalmente tenho realizado em minhas consultorias, cuja resposta tem sido afirmativa. Mas após analisarmos e entrarmos no processo verificamos que 99% estão equivocados, não optam pelas melhores tomadas de decisão e desperdiçam lucro.

Este artigo tem por objetivo comentar algumas de nossas experiências constatadas, quer como executivo, quer como consultor empresarial, acarretando aumento dos desperdícios, falta de atenção em oportunidades ocultas na inflação e falta de consonância entre áreas de suprimentos e vendas. Ainda, ajudamos o leitor a entender adequadamente a composição e utilização dos índices de inflação, e se estes podem ser utilizados em seus reajustes de preços.

Dentro do cenário atual da pandemia, segundo artigo da Folha de São Paulo de 30/08/2020, “a pandemia distorceu os custos devido à queda de demanda e, por consequência, a produção da indústria sofre com uma alta de até 35% dos insumos utilizados no processo produtivo, além da escassez de alguns produtos. No momento, essas empresas estão absorvendo esse impacto reduzindo as margens. Todavia, com a retomada da demanda, esse aumento de custos será repassado nos preços, gerando inflação”.

Por outro lado, os supermercados tiveram um crescimento expressivo das vendas, por diversas razões: consumo no lar ao invés de restaurantes, ajuda de R$ 600 do governo, entre outras. Todavia, quem vai ao supermercado percebe que alguns produtos são substituídos por outros de valor unitário maior.

As empresas de alimentação podem estar tendo o mesmo impacto aplicando, temporariamente, alternativas como mudança nos cardápios.

Voltando ao nosso processo, realizamos algumas outras perguntas como:

A. Como é a sua inflação interna? Duas respostas vêm de imediato: pelo custo real apurado e alguns citam a inflação de compras. Acima de tudo há dois equívocos: o primeiro, que nunca a inflação de compras é a mesma da inflação de custos, pois sobretudo onde há manipulação, como nas empresas de alimentação, o desperdício é elevado e, ainda, nem sempre o produto mais econômico da compra é o mais econômico no prato devido aos fatores de correção, acrescentando-se as intempéries de sazonalidade como o clima, que afeta o LFV e, também, os períodos de celebração em que há alta no consumo. Também, a desvalorização do real frente ao dólar abre espaço para exportações e os preços internos são influenciados pelo preço internacional de exportação. Há, ainda, um outro fator importante: a busca de maiores prazos de pagamento. Usualmente, o fornecedor aumenta o preço, pois tem que financiar seu capital de giro, agregando sobre esse valor impostos e sua margem. No cálculo de inflação deve haver a mesma base de comparação. Caso haja interesse no assunto, nossa sugestão é que se verifique as metodologias de Laysperes e de Paasche.

 

Há duas perguntas matadoras que avaliam a gestão estratégica do negócio no que se refere à proteção de ativos e passivos, que corresponde à equivalência da inflação de custos versus o seu repasse ao preço de venda (denominamos como hedge = proteção), como será visto a seguir.

B. O índice que sua empresa utiliza para reajustes dos preços de venda reflete a sua inflação de custos? Essa é uma pergunta que todos erram pelos fatores que indicamos no item No que se refere à parcela da mão de obra, o reajuste é usualmente realizado com base no “dissídio coletivo”, enquanto outros itens, como convênio médico, voucher supermercado, e vales-transportes urbanos têm sofrido, em média, reajustes acima do que repassamos no preço de venda.

C. Qual o melhor índice de reajuste de preços de seus produtos ou serviços? Você conhece como é a composição dos índices existentes?

Esses poucos exemplos demonstram que a lucratividade é reduzida pela falta de gestão mais qualificada. Muitos gestores e donos de empresas estão preocupados em rotinas e assuntos não tão importantes, desconhecendo ou não tendo suporte necessário de profissionais que possam diminuir esse desperdício invisível e aumentar a lucratividade.

Os índices divulgados por algumas instituições indicam, nos últimos 12 meses (de agosto/2019 a julho/2020):

 

IGP-DI = 10,3%IGPM = 10 %IPCA = 2,31%INPC = 2,69%IPC = 2,73%

 

Damos a seguir um breve resumo de cada um dos principais índices de inflação. Convidamos você a refletir se atende ao seu ramo de atividade.

IGP-DI – Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna – coleta de preços entre os dias 01 e 31 de cada mês. Seu objetivo é medir os preços em geral e ser utilizado para reajustar preços do setor privado nos casos de pós-fixação e os contratos de fornecimento de bens e serviços no setor privado. Ele é obtido pela média ponderada de 60% do IPA (Índice dos Preços de Atacado), acompanhando preços de mais de 400 produtos, 30% do IPC (Índice de Preços ao Consumidor) e 10% pelo INCC (Índice Nacional do Custo da Construção); considera matéria-prima e mão de obra aplicada na construção. As três medições têm finalidade específica: preços do varejo que afetam os grandes compradores de matéria-prima e o índice de preços ao consumidor, geralmente pessoas físicas e a construção civil. O detalhamento de cada um dos componentes pode ser obtido na FGV (Fundação Getúlio Vargas) no RJ e observar os índices em cada região do país, que podem ser diferentes.

IGP-MI – Índice de Preços de Mercado – é um parâmetro de inflação do mercado financeiro de acompanhar a evolução e tendência do índice em prazo menor e atualizar títulos públicos, as NTN (Notas do Tesouro Nacional), títulos privados, debêntures, aluguéis comerciais e residenciais. Difere do IGP DI somente no critério de coleta de dados entre dia 21 do mês vigente e 20 do mês seguinte. O detalhamento de cada um dos componentes pode ser obtido na FGV (Fundação Getúlio Vargas) no RJ e observar os índices em cada região do país, que podem ser diferentes. Os dois indicadores IGP têm influência direta na volatilidade da variação cambial.

IPCA – Índice de Preços do Consumidor Amplo – é considerado o índice oficial de inflação no Brasil, sendo apurado pelo IBGE. Seu objetivo é apresentar a variação dos preços no comércio para o consumidor final baseando-se na evolução da cesta de consumo de famílias com renda entre um e 40 salários mínimos. A coleta é realizada entre os dias 01 e 30 de cada mês de cada uma de 11 regiões metropolitanas.

IPC – Índice de Preço ao Consumidor da FIPE – mensura o custo de vida das famílias com renda entre um 33 salários mínimos nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, pesquisando 380 produtos, entre os dias 01 e 31 de cada mês.

INPC – Índice Nacional de Preços ao Consumidor – apurado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O seu cálculo é realizado através dos índices de preços ao consumidor regionais e demonstra a variação dos preços no varejo e o custo de vida da população, refletindo a cesta básica das famílias com rendimentos na faixa de um a oito salários mínimos, tendo a coleta de dados realizada entre o primeiro e o último dia de cada mês.

Índices com preços coletados no atacado versus consumidor final ou varejo – um ponto de atenção deve ser colocado para as empresas de alimentação empresarial e varejo. Em vários momentos de crise econômica de nosso país, com altas taxas de desemprego, nem sempre os preços adquiridos pelas áreas de compras conseguem ser comprados pela população em geral, que será mais seletiva, mudará seus hábitos alimentares e de consumo e estará mais atenta a promoções.

Agora você deve refletir como buscar a melhor relação de custo x benefício que permita aumentar seus lucros, sem necessidade de mudar os cardápios e de não praticar aquilo que combinou com o seu cliente.

Perguntas finais:

  1. Qual o melhor índice de inflação que representa os seus custos?
  2. Qual a estratégia que você adotará em sua área de compras que, em conjunto com área de Operações, limitará a inflação interna (claro, sem mexer na qualidade do produto) e manterá o equilíbrio custo x venda?
  3. Como você adotará um indicador interno de inflação de compras pelo preço econômico e não pelo preço contábil e se certificará de que isso acontecerá na Operação?
  4. Como está o seu sistema de previsibilidade de vendas, cardápio e compras?

Se você não conseguir responder e, ainda, fizer uma reflexão dos pontos a aprimorar, não deixe de consultar a consultoria JLucentini que conta com profissionais com muitos anos de experiência na área de alimentação. Nós podemos ajudar a equilibrar seus orçamentos e resultados.

Caso haja interesse em revisar processos e/ou estruturar a área de negócios e de suprimentos de sua empresa, aumentando os seus lucros, consulte a JLucentini– Consultores Associados.

E, finalmente,

  1. Atendendo a pedido de alguns clientes da área de alimentação empresarial e varejo que não possuem uma base de comparação para seus custos internos, avaliamos o desempenho de suas equipes de compras e operações.
  2. A ausência de um índice que reflita a realidade das empresas de alimentação podem prejudicar um negócio, e encomendas a organismos que os publicam são muito dispendiosas.

A JLucentini – Consultores Associados irá publicar a partir do mês de setembro/2020 o primeiro índice de inflação o IPAL – Índice de Preços no Atacado da JLucentini.

Ele terá como base a evolução de preços e seus respectivos comentários detalhados em cada um dos componentes de um cardápio real e praticado. Desejamos, assim, contribuir para uma gestão estratégica das empresas de alimentação que permita obter e manter uma lucratividade sustentada.

Acompanhe esse índice no nosso site: www.jlucentini.com.br e www.baldder.com.br.