A INFLAÇÃO NO PREÇO DOS ALIMENTOS EM JULHO/2022

A apuração de nossa consultoria representa o índice de inflação nas compras das empresas de alimentação, que compreende um serviço completo diário: café da manhã, almoço com sopa, lanche de tarde, jantar e ceia, com preço à vista, cuja pesquisa é realizada no mercado atacadista de alimentos, portanto não considera custos com fretes e reciprocidade de fornecedores.

A inflação apurada no mês de julho de 2022 atingiu 0,1%. No acumulado do ano, ficou em 8,3% e, nos últimos 12 meses, em 22,8%. Há que se destacar, porém, uma certa estabilização em valores altos e a grande maioria da base do cardápio continua pressionando o custo das empresas de alimentação e varejo, cujo cenário é parecido com o que temos visto nos últimos meses, em que o grupo de alimentos e bebidas continua impactando bastante o resultado dessas empresas.

1. Inflação apurada em julho/22

Como mencionado no mês anterior (jun/22), os alimentos vêm seguindo uma constância em seus preços, mantendo a “linha” mais reta e linear, não chegando a preços muitos elevados como presenciamos nos meses anteriores, ou seja, desacelerou e subiu apenas 0,1%.

Conforme a nossa apuração, o arroz e feijão permanecem com seus preços baixos tendo, respectivamente, -1,75% e -6,36%. Já o café foi a grande surpresa em julho, depois de subir 7,54% no mês de junho, teve uma redução -8,66%, algo positivo para o bolso dos consumidores.

Mas isso não se aplica a todos, evidentemente sempre há aqueles alimentos que acabam subindo seus preços por diversos fatores, como é o caso das guarnições. Dentro desse setor entram legumes, verduras e farináceos. Os alimentos que tiveram uma evidência nesse mês foram: couve-manteiga, com aumento de 13,09% e a escarola, com 0,85% na seção das verduras. Já no grupo dos farináceos as massas penne e espaguete atingiram 7,17%, acompanhadas do capeletti, que obteve 3,56%.

Nas verduras e legumes que compõem o setor das saladas, a alface lisa e crespa subiram consideravelmente, em 1,02%.

Mas o grande destaque do mês de julho vai para a cebola, atingindo 17,60%. Esse impacto vem desde as plantações, principalmente as de Minas Gerais, que devido a um período de duas semanas de chuva constante na região durante o período da safra, acabou limitando a produção, que deveria ser colhida nestas últimas semanas de julho/início de agosto.

O ocorrido foi então a lei da oferta e da procura; muitas regiões do Brasil são abastecidas com a safra vinda de Minas Gerias e, com a baixa quantidade colhida, a procura pela cebola aumentou muito. A forma de compensar essa queda na produção e evitar perdas ou prejuízos foi subir os preços.

As proteínas em julho seguiram com baixos aumentos em seus preços, mantendo a estabilidade em seu crescimento, onde podemos observar, em nossa apuração (tabela acima), que essa mudança acontece desde o mês de maio. Cabe ressaltar que, neste mês os preços de compra da proteína bovina tiveram uma desinflação de 2,43%, enquanto os demais componentes tiveram evolução: suína 2,37%, ovina 4,86% e pescado 10,57%. Porém, face à ponderação mensal das incidências dentro do cardápio, a evolução ponderada foi 1,52%.

2. Índices oficiais versus índices reais de inflação da alimentação

Comparativamente aos índices oficiais, temos o seguinte quadro comparativo, que corrobora com o cálculo acima: reajuste nos preços de venda versus inflação nos alimentos (fonte: Valor Consulting).

ÍndiceJulho/22Acumulado

2022

Últimos

12 meses

Acumulado

2021

Índice da JL Consultoria0,10%8,30 %22,80%24,00%
IPCA0,13%5,79%11,39%10,42%
INPC (jun.)0,62%5,61%11,91%9,36%
IGPM0,21%8,39%10,07%17,79%
IPA M0,21%9,47%10,16%20,58%
IPC-M-0,28%3,98%9,02%9,32%

Temos destacado em artigos de meses anteriores a deterioração no lucro das empresas de alimentação corporativa. Enquanto o impacto nos custos de alimentação é de 22,8%, os reajustes de preços, em maioria pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) (11,39%), que nem sempre são repassados na íntegra, produzem uma redução direta sobre o RBO (Resultado Bruto Operacional) e, consequentemente, no lucro final da empresa. Caso haja mudança nos cardápios, diminuindo sua qualidade com objetivo de diminuir prejuízos, possíveis impactos indiretos são a insatisfação do cliente e possível ruptura de contrato, diminuindo a probabilidade de fidelização desse cliente. Desta forma, o impacto econômico e financeiro nos últimos 12 meses pode ser medido da seguinte forma: 60% dos custos de matéria-prima sobre os custos totais da unidade operacional = 60%, diferença entre inflação medida pela JLucentini e o IPCA (22,8% – 11,39% = 11,41%) e, consequentemente, perda possível no RBO = 60% x 0,1141 = 6,85%.

3. Seu lucro está sendo consumido?

Caso sua empresa esteja em situação similar à descrita nesse artigo, podemos ajudá-lo. Nossa experiência permitirá ajudar a sua empresa a encontrar a melhor relação custo-benefício em toda a sua cadeia produtiva, de venda e retenção de clientes. Não deixe de nos contatar.

 

Cordial abraço,

José Carlos Lucentini, Msc.

CEO

 

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Referências Bibliográficas:

NOTÍCIAS AGRÍCOLAS. Cebola/Cepea: chuvas durante o plantio afetam produção mineira. 2022. Disponível em: <https://www.noticiasagricolas.com.br/noticias/hortifruti/322980-cebola-cepea-chuvas-durante-o-plantio-afetam-producao-mineira.html#.YulskHbMLrc>. Acesso em 03 de agosto de 2022.

RIVEIRA, C. Prévia da inflação fica em 0,13% em julho com desoneração dos combustíveis. 2022. Disponível em:  <https://exame.com/economia/ipca-15-previa-inflacao-julho-2022/>. Acesso em 03 de agosto de 2022.

VALOR CONSULTING. Índices de Preços por Atacado – Mercado (IPA-M). 2022. Disponível em:  <https://www.valor.srv.br/indices/ipa-m.php>. Acesso em 03 de agosto de 2022.