A INFLAÇÃO NO PREÇO DOS ALIMENTOS EM MARÇO/2021

  1. Introdução

A JLucentini – Consultores Associados mensalmente presta informação qualitativa, objetivando orientar os gestores de empresas de alimentação a respeito da inflação dos gêneros alimentícios, e seus impactos na erosão dos lucros.

A nossa metodologia considera preço à vista nos três maiores atacadistas do Estado de São Paulo, tomando-se um cardápio-base composto por itens componentes do desjejum, almoço (incluindo sopa), lanche e jantar.

  1. Precauções na análise pelos gestores em suas empresas

Destacamos os seguintes aspectos importantes que, em sua maioria, podem passar despercebidos pelos gestores:

a) Preço à vista, pois quando as empresas de alimentação requerem aumento de pagamento ou rebates, os fornecedores nem sempre possuem margem de lucro que suporte esses custos adicionais, repassando-os, portanto, aos seus respectivos preços de venda, com cálculo por dentro, acrescentando impostos e margem, o que aumenta o custo final;

b) A inflação interna, conforme temos demonstrado, tem se mantido muito acima dos reajustes de preços praticados, o que diminui a margem de lucro;

c) Círculo vicioso – para manutenção da lucratividade, qualquer mudança no padrão dos cardápios e de pessoal, na maioria dos casos, representa alto risco de insatisfação dos clientes e, ao longo do tempo, possibilidades de ruptura de contrato.

d) Aumento de custos pelos decretos do Governo do Estado de São Paulo. Os decretos emitidos em novembro/2020 (65.252, 65.253 e 65.254/2020) majoraram a alíquota do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços) em alimentação, de 3,2% para 3,69%, e o que pode passar despercebido é que vários produtos que compõem o custo da alimentação sofreram majoração, dentre eles proteínas, LFV (legumes, frutas e verduras), laticínios e seus derivados.

 

  1. Comentários sobre a inflação de março/2021

No quadro a seguir, apuramos a inflação de março/21 em 1,2%, que deve ser avaliada ângulos distintos.

a) Positivo – manteve-se em baixo patamar (1,2%), se analisarmos exclusivamente o mês de março/2021;

b) Negativo – teve um pequeno acréscimo em um pico alto de evolução nos custos internos das empresas de alimentação, pois em 2021, segundo nossas apurações, perfez 4,4%, que basicamente corresponde ao IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 12 meses, que serve para reajuste de preços das refeições. Isso significa que, em três meses, temos uma inflação que já “comeu” o reajuste de preços anual.

Entre os alimentos, o destaque de alta foram as proteínas (6,6% em três meses), e uma das explicações para a alta de preço é a menor disponibilidade de gado para o abate, que vem ocorrendo desde 2020. Além disso, a alta dos preços é atribuída à seca mais longa do que o normal, no fim do ano passado, o que levou a um atraso na produção do boi de pasto (Fonte: Jornal A Tarde).

Ainda no grupo das proteínas, as cotações da carne suína caíram, afetadas pela redução nas compras da China, em meio a um excesso de oferta e a um aumento do número de suínos não vendidos na Alemanha, devido à proibição das exportações para os mercados asiáticos (Fonte: G1).

O real perdeu 22% do seu valor em relação ao dólar na pandemia, o que afeta os preços internos em dois aspectos: o primeiro é que, como a maioria dos preços de custo de produção dos alimentos é vinculada ao dólar, com a moeda brasileira desvalorizada os preços internos são majorados e competem com os preços de exportação e, por conseguinte, essa diferença cambial é repassada ao preço final no atacado e no varejo. Outro fator é que a capacidade de produção das indústrias do setor tem se direcionamento ao mercado externo, impactando na oferta ao mercado interno.

Isso significa que o real depreciado em relação ao dólar seria como se os produtos brasileiros estivessem em promoção para o mercado externo. Foi o que aconteceu em 2020 com o arroz: 35 países aumentaram as importações do Brasil e outros 25 passaram a comprá-lo. Com o dólar caro, o produtor prioriza as exportações, esvaziando o mercado local. O resultado é um preço maior em razão da procura e pouca oferta (Fonte: UOL).

Os preços do milho e do arroz também subiram, enquanto preços de exportação do trigo seguiram estáveis.

 

O índice do óleo vegetal subiu 6,2% nos últimos três meses, para o nível mais alto desde abril de 2012, com os preços do óleo de palma subindo pelo nono mês seguido, impulsionados por preocupações com os baixos estoques nos principais países exportadores. O preço do óleo de soja teve uma majoração superior a 100% nos últimos 12 meses.

 

Os valores do açúcar subiram 6,4% na comparação mensal, devido às quedas de produção nos principais países produtores e à forte demanda da Ásia.

 

  1. Principais indicadores de preços e as tendências no curto prazo

No artigo de 31/3 do Valor Econômico, de autoria de Marta Watanabe, comenta-se que o IGP-M de março subiu 2,94% ante fevereiro, o maior índice desde 1995. Essa elevação foi decorrente do aumento no preço dos combustíveis. O IPA (Índice de Preços no Atacado), que serve de orientador às empresas de alimentação, correspondendo a 60% do IGP-M, atingiu 3,65% em março, ante 3,28% em fevereiro.

 

Segundo o artigo, a projeção do IPCA deve atingir a 7% a.a. até o fim do primeiro semestre/2021 e, ainda, a inflação chegará na prateleira dos supermercados mais forte do que se esperava. Há uma tendência de repasse de preços da cadeia produtiva, que iniciou nas matérias-primas brutas e agora se espalha para os demais níveis de produção, como os insumos utilizados na lavoura como fertilizantes (15% em março).

Índice2.021últimos 12 meses2.020
IPCA (jan./fev.)1,11%5,2%4,52%
INPC (jan./fev.)1,09%6,22%5,45%
IGPM (jan./mar)8,26%31,10%23,14%
IPA M (jan./mar)9,46%42,57%31,63%
IPC-M (jan./mar)1,75%5,74%4,81%

 

O quadro demonstra que, ao compararmos os últimos 12 meses (mar/20 a fev./21) versus o acumulado de 2020, há um crescimento significativo da inflação nesses últimos meses, o que denota preocupação no controle de custos, da previsibilidade, da escolha do cardápio mais econômico e de uma boa dose de negociação pelas áreas de suprimentos (lembrando que negociar e cotar preços são ações muito distintas).

 

5. Seu lucro está sendo consumido pela falta de controle nos reajustes de custos

Esperamos que esses comentários sirvam de alerta de como evitar a erosão de seus lucros.

Caso sua empresa deseje estruturar um processo de inflação interna de custos (que compreende mão de obra também) e, ainda, está em situação similar aos pontos enumerados neste artigo, com queda de lucratividade, insatisfação de clientes, inflação interna superior aos índices de repasse de preços, operação de logística e de distribuição, clientes ou operações com prejuízo, dentre outros, não deixe de contatar a JLucentini – Consultores Associados.

Nossa experiência permitirá ajudar a sua empresa a encontrar a melhor relação custo-benefício em toda a sua cadeia produtiva.

 

Cordial abraço,

José Carlos Lucentini, Msc.

CEO

Contatos:

klaus@jlucentini.com.br

Cel.: (11) 98848-1119

www.jlucentini.com.br