A INFLAÇÃO NO PREÇO DOS ALIMENTOS EM MAIO/2021

  1. Introdução

Tem sido preocupante o aumento nos preços dos insumos no atacado, o que pode ser constatado com a evolução do IPA-M (Índice de Preços por Atacado – Mercado), que perfez a 5,23% em maio/21 e a 18,2%, no acumulado em 2021.

A nossa tomada de preços que representa a inflação interna perfez 1,25% em maio/21 e 5,9% no acumulado de 2021. Apesar de ser um índice inferior ao IPA-M, ele ainda é relevante, pois já supera os reajustes de preços anuais praticados pelas empresas em coletividade que têm como base o IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (2,4% de janeiro a abril/21).

Como, em geral, ele representa o índice de inflação nas compras e consumo das empresas de alimentação, que realinha os preços, em geral, anualmente, pode estar contribuindo para a erosão do lucro acrescido e, ainda, pela redução nos volumes em função da pandemia e do trabalho home office. Isso significa que, em linhas gerais, toda a inflação que ocorrer no período de junho a dez/21 corresponderá a uma redução direta da lucratividade ou aumento no prejuízo.

Por outro lado, os preços estão crescendo pelos impactos da variação cambial e do aumento no consumo nos lares e, em grande parte, pelo auxílio emergencial (apesar de pequeno montante por família).

Os detalhamentos de nossos comentários estão a seguir.

  1. Nossa metodologia de análise

A JLucentini – Consultores Associados mensalmente presta informação qualitativa, objetivando orientar os gestores de empresas de alimentação a respeito da inflação dos gêneros alimentícios, e seus impactos na erosão dos lucros.

A nossa metodologia considera preço à vista nos maiores atacadistas do Estado de São Paulo, tomando-se um cardápio-base composto por itens componentes do desjejum, almoço (incluindo sopa), lanche e jantar.

  1. Precauções na análise pelos gestores em suas empresas

Destacamos os seguintes aspectos importantes que, em sua maioria, podem passar despercebidos pelos gestores:

  1. Preço à vista, pois quando as empresas de alimentação requerem aumento de pagamento ou rebates, os fornecedores nem sempre possuem margem de lucro que suporte esses custos adicionais, repassando-os, portanto, aos seus respectivos preços de venda, com cálculo por dentro, acrescentando impostos e margem, o que aumenta o custo final;
  2. A inflação interna, conforme temos demonstrado, tem se mantido muito acima dos reajustes de preços praticados, o que diminui a margem de lucro;
  3. Círculo vicioso – para manutenção da lucratividade, qualquer mudança no padrão dos cardápios e de pessoal, na maioria dos casos, representa alto risco de insatisfação dos clientes e, ao longo do tempo, possibilidades de ruptura de contrato.
  4. Aumento de custos pelos decretos do Governo do Estado de São Paulo. Os decretos emitidos em novembro/2020 (65.252, 65.253 e 65.254/2020) majoraram a alíquota do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços) em alimentação, de 3,2% para 3,69%, e o que pode passar despercebido é que vários produtos que compõem o custo da alimentação sofreram majoração, dentre eles proteínas, LFV (legumes, frutas e verduras), laticínios e seus derivados.

 

  1. Comentários sobre a inflação de maio/2021

No quadro a seguir, apuramos a inflação de maio/2021 em 1,25% sobre o mês de abril/2021, e a grande maioria da base do cardápio continua pressionando o custo das empresas de alimentação. O cenário é parecido com o que temos visto nos últimos meses, em que o grupo de alimentos e bebidas continua impactando bastante o resultado.

O supermercado representa a melhor forma de se avaliar a inflação de uma família, sobretudo aquelas cujo item alimentação é o seu maior gasto, e tem dado vários sustos. Os itens que compõem a refeição básica do brasileiro, como o arroz, feijão, óleo de soja e proteína tiveram um aumento significativo nos preços.

 

Dólar alto, mais exportações, menos importações e aumento da procura. Veja por que alimentos, como arroz e óleo, ficaram tão mais caros. Afinal, por que o preço da alimentação subiu mais do que a média da inflação? Basicamente, dois fatores explicam o que tem acontecido:

 

  1. O dólar alto faz com que diversos produtores optem por exportar (vender para outros países) seus produtos, em vez de oferecer o item no mercado nacional. Ao exportar, eles recebem em moeda americana. Na prática, para que as empresas brasileiras consigam manter os alimentos aqui, é necessário pagar mais, e este valor acaba refletindo no bolso do consumidor. Estão incluídas as proteínas e as commodities agrícolas. No caso do arroz, as exportações apresentaram aumento de 260%. Vale dizer que a demanda da China por alimentos é alta, por ser o país mais populoso do mundo. Já a importação do grão teve redução de 59%, o que diminuiu a oferta da mercadoria no Brasil e consequentemente eleva os preços ao consumidor.

 

a.1) O preço do café em alta deve compensar a diminuição de produtividade na colheita do grão nesta safra. Neste ano, a produtividade já seria menor por causa da bienalidade da cultura: um ano produz mais, no outro menos. Mas as altas temperaturas prejudicaram as plantas, diminuindo ainda mais a colheita. E o custo da produção atrelado ao dólar fez os preços subirem. Com a entrada do inverno, a tendência é que haja aumento no consumo e, consequentemente, dos preços.

 

a.2) O preço de outro item básico da alimentação que chamou a atenção dos brasileiros foi o óleo de soja. Segundo a Dieese (Departamento Intersindical Estatísticas Estudos Socioeconômicos), o produto ficou mais caro em 17 capitais do país, sendo que na capital paulista o preço por do litro quase dobrou. O óleo é derivado da soja, produto que o Brasil mais exporta, e há uma espécie de “disputa” pela mercadoria entre exportadores e indústrias brasileiras (Fonte: https://blog.nubank.com.br/).

 

a.3) O preço das bebidas foi impactado pelo preço do açúcar, com a quebra esperada na safra de 2021 do Centro-Sul, o fortalecimento do petróleo e a janela de exportação que se abre para o etanol brasileiro aos Estados Unidos, além do grande volume de fixação de vendas de açúcar, que dão sustentação aos preços do produto, já que a oferta deve continuar curta, apesar do início da moagem da cana. Com isso, os preços permanecerão em patamares elevados neste ano (Fonte: www.canalrural.com.br).

 

  1. Aumento de consumo – O auxílio emergencial é um dos fatores que estimulou o consumo. Cerca de 65 milhões de pessoas receberam o auxílio do governo que corresponde, aproximadamente, a ⅓ da população do país. A maioria dos beneficiários faz parte da população de baixa renda, que usa o dinheiro para comprar produtos básicospara o dia a dia, como alimentação. Com o aumento da procura, os preços acabaram subindo.

 

  1. Principais indicadores de preços e as tendências no curto prazo

 

Segundo o site UOL (31/5/2021), os principais índices acumulados de 2021, últimos 12 meses, e do ano de 2020 são:

 

ÍndiceMai/21Acumulado

2.021

Acumulado últimos

12 meses

Acumulado

2.020

IPCA- (jan./abr.) 2,37%6,76%5,52%
INPC (jan./abr.) 2,35%7,59%5,45%
IGPM (jan./mai.)4,10%14,39%37,04%23,14%
IPA M (jan./mai.)5,23%18,49%50,24%31,64%
IPC-M (jan./mai.)0,61%2,82%7,37%4,81%

 

A projeção do mercado financeiro para a inflação em 2021 já está acima do teto da meta perseguida pelo Banco Central. Os economistas do mercado financeiro alteraram a previsão para o IPCA — o índice oficial de preços — este ano, com alta de 5,24% para 5,31%. Há um mês, estava em 5,04%.

Verificamos que o IPA-M, que representa os preços no atacado e que em muito se aproxima da inflação das empresas de alimentação, no acumulado janeiro-maio/21 tem apresentado um crescimento constante e gradativo.

A preocupação deve ser redobrada, todavia, há a economia de centavos no controle de custos, da previsibilidade, da escolha do cardápio mais econômico e uma preparação para a área de Compras e Planejamento de Cardápios, objetivando trazer a melhor relação custo/benefícios, sem proporcionar reclamações dos consumidores e de seus clientes quanto à qualidade e repetição do cardápio.

 

Por outro lado, o seu cliente provavelmente está, também, passando por dificuldades econômicas e tentar realizar reajuste de preços é praticamente impossível, o que pode levá-lo a tomar preços de seus concorrentes no mercado. O importante nesses casos é tentar construir uma solução conjunta, uma terceira via, em que as partes possam chegar a um denominador-comum.

 

  1. Seu lucro está sendo consumido pela falta de controle nos reajustes de custos

Esperamos que esses comentários sirvam de alerta de como evitar a erosão de seus lucros.

Caso sua empresa deseje estruturar um processo de inflação interna de custos (que compreende mão de obra também) e, ainda, está em situação similar aos pontos enumerados neste artigo, com queda de lucratividade, insatisfação de clientes, inflação interna superior aos índices de repasse de preços, operação de logística e de distribuição, clientes ou operações com prejuízo, dentre outros, não deixe de contatar a JLucentini – Consultores Associados.

Nossa experiência permitirá ajudar a sua empresa a encontrar a melhor relação custo-benefício em toda a sua cadeia produtiva.

 

Cordial abraço,

José Carlos Lucentini, Msc.

CEO

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