- Introdução
A JLucentini – Consultores Associados mensalmente presta informação qualitativa, objetivando orientar os gestores de empresas de alimentação a respeito da inflação dos gêneros alimentícios, e seus impactos na erosão dos lucros.
A nossa metodologia considera preço à vista nos maiores atacadistas do Estado de São Paulo, tomando-se um cardápio-base composto por itens componentes do desjejum, almoço (incluindo sopa), lanche e jantar.
- Precauções na análise pelos gestores em suas empresas
Destacamos os seguintes aspectos importantes que, em sua maioria, podem passar despercebidos pelos gestores:
a) Preço à vista, pois quando as empresas de alimentação requerem aumento de pagamento ou rebates, os fornecedores nem sempre possuem margem de lucro que suporte esses custos adicionais, repassando-os, portanto, aos seus respectivos preços de venda, com cálculo por dentro, acrescentando impostos e margem, o que aumenta o custo final;
b) A inflação interna, conforme temos demonstrado, tem se mantido muito acima dos reajustes de preços praticados, o que diminui a margem de lucro;
c) Círculo vicioso – para manutenção da lucratividade, qualquer mudança no padrão dos cardápios e de pessoal, na maioria dos casos, representa alto risco de insatisfação dos clientes e, ao longo do tempo, possibilidades de ruptura de contrato.
d) Aumento de custos pelos decretos do Governo do Estado de São Paulo. Os decretos emitidos em novembro/2020 (65.252, 65.253 e 65.254/2020) majoraram a alíquota do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços) em alimentação, de 3,2% para 3,69%, e o que pode passar despercebido é que vários produtos que compõem o custo da alimentação sofreram majoração, dentre eles proteínas, LFV (legumes, frutas e verduras), laticínios e seus derivados.
- Comentários sobre a inflação de abril/2021
No quadro a seguir, apuramos a inflação de abril/2021 em 0,21% sobre o mês de março/2021, que deve ser avaliada por ângulos distintos.
a) Positivo – manteve-se abaixo do índice de meses anteriores, se analisarmos, exclusivamente, o mês de abril/2021;
b) Negativo – teve um pequeno acréscimo, pois em 2021, segundo nossas apurações, perfez 4,5%, que basicamente corresponde ao IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 12 meses, que serve para reajuste de preços das refeições. Isso significa que, em três meses, temos uma inflação que já “comeu” o reajuste de preços anual.
Por consequência, na média, toda inflação a partir de maio/2021 irá superar a média de reajuste de preços e, possivelmente, irá engolir grande parte do lucro da empresa. Logo, os contratos com reajuste em janeiro/2022 sofrerão impacto de uma inflação nos gêneros de, aproximadamente, 20% até o final de 2021.
Nas conversas que temos tido com os profissionais do setor de supermercado, muitos fornecedores estão com restrição de produção, o que ocasiona maior procura e, consequentemente, alta nos preços. O volume de vendas on-line tem tido um consumo maior de embalagens – o que também encarece o preço final do produto. Acrescentamos, ainda:
a) Proteínas, que é o item de maior participação no custo da alimentação, perfez 2,26% em abril e 8,9% no acumulado de 2021. A proteína bovina que tem maior peso é afetada diretamente pela exportação do produto, face ao preço referência em dólar americano e, consequentemente, o produto se torna mais caro para consumo interno. O impacto nas prateleiras dos supermercados já pode ser evidenciado no aumento dos preços da carne bovina no Brasil.
Por outro lado, as famílias procuram reduzir a compra de carne bovina, substituindo-a pela carne de frango e ovos que, face a maior procura, também tiveram crescimento nos preços.
b) Commodities agrícolas – as altas mais recentes seguem meses de ganhos de preços puxados pela crescente demanda de importação da China. Os preços do milho dobraram nos últimos 12 meses, enquanto a soja subiu cerca de 80%, e o trigo 30%. Consequentemente, os derivados desses produtos, soja, farinha e açúcar, alavancaram os preços dos temperos, molhos, do pão, massas e óleo de soja, cuja elevação foi superior a 100% nos últimos 12 meses.
Por outro lado, alguns tubérculos como cenoura (-13,58%) e batata-inglesa (-5,03%) apresentaram quedas em relação a março/2021, assim como as frutas (-2,91%), mas nos últimos 12 meses, cereais, legumes e oleaginosas tiveram alta de 48,7% nos preços, proteínas ficaram 31,55% mais caras e óleos e gorduras viram o preço subir em 51,77% (Fonte: economia.uol.com.br).
c) Café, apesar da redução de 8,33% em abril, apresenta no acumulado 2021 inflação de 10,8%. Com a chegada do inverno, a tendência é que haja um aumento no consumo do café e outras bebidas quentes, como achocolatados e chá e, consequentemente, provável elevação nos preços.
d) Carga tributária – detalhado no item 2 acima.
e) O combustível e a capacidade de produção da indústria – o preço do óleo diesel e do gás de cozinha tiveram aumentos de 36,6% e 38,46%, respectivamente, no último ano. Esses fatores ocasionam aumento no valor do frete e no custo da produção dos restaurantes. Além disso, todos os subprodutos ou derivados como plástico e alumínio se elevaram. A Coca-Cola destacou que os custos do plástico e alumínio se elevaram, bem como do café e xarope de milho com alto teor de frutose, o ingrediente principal do refrigerante. A Nestlé, maior empresa de alimentos do mundo, alertou que não será capaz de se proteger de todos os custos das commodities e está aumentando os preços, quando apropriado (Fonte:exame.com/economia/choque-global-de-precos-dos-alimentos-pode-ganhar-mais-forca).
O aumento dos preços das matérias-primas tem amplo impacto nas empresas de alimentação, que passam por um grande desafio: “como conseguir gastar na compra de produtos o mesmo índice que repassa aos preços e, ainda, com redução nos volumes de venda?”.
Além disso, as famílias e empresas tentam se recuperar dos danos causados pela pandemia de coronavírus. Esses preços ajudam a puxar a inflação dos alimentos, trazendo mais dificuldade para o cidadão que já enfrenta pressão financeira pela perda de empregos ou renda, que ocasiona uma queda no consumo.
- Principais indicadores de preços e as tendências no curto prazo
Segundo o Jornal Valor Econômico (4/5/2021), os principais índices acumulados de 2021, últimos 12 meses e do ano de 2020 são:
Índice | 2.021 | últimos 12 meses | 2.020 |
IPCA- jan./mar | 2,05% | 6,10% | 5,52% |
INPC (jan./mar.) | 1,96% | 6,94% | 5,45% |
IGPM (jan./abr.) | 9,89% | 32,02% | 23,14% |
IPA M (jan./abr.) | 12,60% | 43,59% | 31,64% |
IPC-M (jan./abr.) | 2,20% | 6,07% | 4,81% |
Conforme temos alertado, há um gap enorme entre a inflação de custos representada entre o IPA (Índice de Preços no Atacado) e o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) que, na maioria, é utilizado pelas empresas.
Há um crescimento significativo da inflação em qualquer período histórico, o que está consumindo lucro das empresas ou aumentando seu prejuízo. Outro destaque é que os preços de venda são reajustados com base na inflação passada e anualmente, enquanto os custos das matérias-primas têm evolução praticamente semanal ou quinzenal.
A preocupação deve ser redobrada, sabendo-se que é praticamente impossível eliminar esse gap, todavia, há a economia de centavos no controle de custos, da previsibilidade, da escolha do cardápio mais econômico e uma preparação para a área de Compras e Planejamento de Cardápios, objetivando trazer a melhor relação custo/benefícios, sem proporcionar reclamações dos consumidores de seus clientes quanto à qualidade e repetição do cardápio.
Por outro lado, o seu cliente provavelmente está, também, passando por dificuldades econômicas e tentar realizar reajuste de preços é praticamente impossível, o que pode levá-lo a tomar preços de seus concorrentes no mercado. O importante nesses casos é tentar construir uma solução conjunta, uma terceira via, em que as partes possam chegar a um denominador-comum.
- Seu lucro está sendo consumido pela falta de controle nos reajustes de custos
Esperamos que esses comentários sirvam de alerta de como evitar a erosão de seus lucros.
Caso sua empresa deseje estruturar um processo de inflação interna de custos (que compreende mão de obra também) e, ainda, está em situação similar aos pontos enumerados neste artigo, com queda de lucratividade, insatisfação de clientes, inflação interna superior aos índices de repasse de preços, operação de logística e de distribuição, clientes ou operações com prejuízo, dentre outros, não deixe de contatar a JLucentini – Consultores Associados.
Nossa experiência permitirá ajudar a sua empresa a encontrar a melhor relação custo-benefício em toda a sua cadeia produtiva.
Cordial abraço,
José Carlos Lucentini, Msc.
CEO
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